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sábado, 3 de março de 2012

Venha como você é.



Cansada de lutar contra a falta de sono, Samantha levantou-se aturdida. Olhou as horas no celular em baixo do travesseiro: 01:15. Ela suspirou. Zonza, foi até a cozinha e tomou um copo de café, já frio, feito na tarde anterior.
Sua mente divagada longe. Como ela havia parado no meio de tanta gente intolerante. Como a maioria dos seus amigos tinha acabado se tornando aquilo que ela sempre desprezou?
Samantha mordeu os lábios. Aonde ela tinha perdido o caminho? Será que virou uma esquina errada, há um tempo atrás e quando viu, já estava tragada no meio desse mar de coisas que ela não queria por perto: Uma falsa impressão, uma amizade que leva a outras, e de repente ela estava rindo das coisas que ela sempre abominou. Pior, fazia parte delas.
Mas tudo aquilo era contra a sua natureza. Quando pequena, assistia ao pai ajudar até aqueles que a ele fizeram mal. De bobo ele já foi chamado por estúpidos que não conheciam a nobreza e bondade de uma rara alma humana, ate superior.Ele não gostaria de ser chamado disso, de superior, porque ele sabe que todos somos iguais,todos somos meros humanos, do mendigo ao presidente. Quando criança a imaturidade não a deixava ser como ele. Quando cresceu e conheceu o mundo, tudo que queria era ter aquela alma boa. E conseguiu. Por mais que Samantha ainda achasse que nunca fez bem o suficiente. E então se embolou na vida e se perdeu em um caminho sinuoso. Deixou tudo para trás. Até se achar num beco sem saída e querer voltar.
Da escuridão gelada, uma mão a puxou, e quando nesta mão segurou a dela, ela viu tudo o que deixou escapar. Viu aonde se perdeu e achou o caminho de volta. Viu que aconteceu com ela o que já havia acontecido com pessoas próximas.
A Deus, Samantha pediu força. Pediu para ele levá-la de volta de onde nunca deveria ter saído. Viu como as coisas eram belas antes de se perder. Mas guardou do caminho da sinuoso. Por incrível que pareça, lembranças boas . de tudo que foi bom enquanto durou.
Talvez ela precisasse de tudo aquilo. Para ver que era forte suficiente para voltar, pra não deixar se enganar, para não mudar a essência que tinha dentro do coração dela. E essa essência nunca mudou. Amadureceu. Sua essência entornou como uma gota de água , quando tudo aquilo foi mais do que sua alma podia aquentar. Ela queria paz.
Agora ela conseguiu, pois percebeu seu erro: Fingir que não se importava com o que falavam dela, quando na verdade se importava, e muito. Ela ligava para opiniões de inúmeras pessoas que julgavam dezenas errado, e ela sabia disso. Pessoas que pensavam ser donas do mundo. Pobre elas, que vivem em seu mundinho tão pequeno perto da imensidão de pessoas desse planeta. Samantha estourou a bolha que a prendia, e por mais que quisesse estourar a de outras pessoas , ela não podia. Pessoas que tinha a essência boa mas que ainda estavam nos mesmos caminhos sinuosos de uma imaturidade vitalícia e uma bolha bem fechada. Que tinha que estourar por elas mesmas.
Deixou para lá o fato de não conseguir mudar o mundo. Agora realmente ela não se importava com o que falavam. E ela sabe muito bem o que falam e quem fala. Sabe que falam pior do que imagina. Mas ela não se importa mais. As vezes ainda bate um incomodo La no fundo por ter gente bisbilhotando aonde não devia, gente falando sem saber, julgando sem conhecer. Mas ela conviveu tempo bastante com esses próprios que condenavam ela mesma, que ela sabia que eles não queriam saber se a historia era verdadeira , não queriam saber o motivo das atitudes dos outros. Não , eles só queriam uma boa historia para se entreter e alguém para condenar, e assim sentirem melhor com eles mesmos.
Que se entretenham então, com as historias dela. A pessoa que Samantha sempre foi por dentro, ou pelo menos sempre quis ser, foi liberada aos pouquinhos sem ela perceber, e ainda está sendo, sem pressa, sem agonia. Ela agora só obedece a sua consciência e de mais ninguém, se importa apenas com o pensamento dos pais,e das pessoas que já mostraram a ela que estão ali para o que der e vier, as poucas que ela confia e ama.
Que pense os outros que suas atitudes são feias,que esta gorda, que os namorados que ela arruma a medida que a vida passa são esquisitos,que criem apelidos pejorativos que são falados longe de sua presença, que falem que a musica que ela tanto gosta , é de gente revoltada,de gente antiquada, de velho. Que alguns amigos que ela tem não prestam: são estranhos,vagabundos,chorões,dramáticos,galinhas,viciados,pobres e estranhos. Todos que nem ela.
Samantha aplaude então a todos os defeitos verdadeiros que aceita nas pessoas como são, que outras pessoas aceitam como ela é. E um sentimento nada mais que ignorância aos que falam o que querem, aos que julgam , aos que inventam defeitos e mais defeitos.
Samantha então , depois de pensar tudo isso narrado aqui em cima, deitou-se sentindo-se incrivelmente bem com ela mesma, tão leve, tão limpa de consciência, fechou os olhos e agradeceu a força maior que toma conta de todas as coisas, por fazê-la entender. E dormiu.

Cristiana Drumond. 

5 comentários:

  1. Temos que nos aceitar, para sermos aceitos.

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  2. Nossa, bonito texto, Cristiana. Quanto fôlego! Admiro a personagem que criou, Samantha, e acredito que esse é o segredo de sucesso na vida. Aos poucos vamos aprendendo a ser como ela ;)

    Beijos

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  3. Lindo teu cantinho. Estou seguindo =)

    Beijos doces.
    Sejas bem vinda no meu espaço também!
    Fiques com DEUS.

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  4. Gostei do blog :)
    Estou te seguindo, se puder passa no meu blog para conhecer..
    http://palavrasaoventoo.blogspot.com.br/
    Beijão e um bom final de semana!

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