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domingo, 25 de março de 2012

Nota

Oi gente, como estão vocês nesse domingo tao gostoso ?
Bem, eu estou mais ou menos, mais ou menos porque estou postando aqui uma notícia não muito boa, mas também não é completamente ruim.
Desde que postei meu ultimo texto, hoje é a primeira vez que entro no blog. De verdade. Contando que eu sempre entro, nem que seja para dar uma olhada rápida. Pois é, acontece que estou em ano de vestibular, fazendo cursinho e o terceiro ano, só o que penso é em estudar, estudar e estudar. E ainda estou em duvida do que vou prestar... ou seja, nem sei que matérias especificas devo estudar...  Mas isso não tem nada a ver com nenhum de vocês leitores, não é ?
A verdade é que estou sem tempo de postar no blog. Meu despovoado tumblr já esta desativado desde as férias, o twitter também, e o blog entro cada vez menos. A unica coisa que ainda dou uma olhada todo fim de semana é no facebook.  Enfim, quero deixar bem claro que não pararei de escrever,pois não sei ficar sem escrever, só estou escrevendo menos. No momento estou me dedicando cem por cento ao vestibular e por isso, entrarei aqui com menos frequência, mas continuarei tentando responder aos comentários e postando textos.  Queria pedir a compreensão de vocês e que os meus tao queridos seguidores não me abandonem. Tentarei colocar alguma coisa aqui na semana santa. Bjos , fiquem com deus e se cuidem.

sábado, 3 de março de 2012

Venha como você é.



Cansada de lutar contra a falta de sono, Samantha levantou-se aturdida. Olhou as horas no celular em baixo do travesseiro: 01:15. Ela suspirou. Zonza, foi até a cozinha e tomou um copo de café, já frio, feito na tarde anterior.
Sua mente divagada longe. Como ela havia parado no meio de tanta gente intolerante. Como a maioria dos seus amigos tinha acabado se tornando aquilo que ela sempre desprezou?
Samantha mordeu os lábios. Aonde ela tinha perdido o caminho? Será que virou uma esquina errada, há um tempo atrás e quando viu, já estava tragada no meio desse mar de coisas que ela não queria por perto: Uma falsa impressão, uma amizade que leva a outras, e de repente ela estava rindo das coisas que ela sempre abominou. Pior, fazia parte delas.
Mas tudo aquilo era contra a sua natureza. Quando pequena, assistia ao pai ajudar até aqueles que a ele fizeram mal. De bobo ele já foi chamado por estúpidos que não conheciam a nobreza e bondade de uma rara alma humana, ate superior.Ele não gostaria de ser chamado disso, de superior, porque ele sabe que todos somos iguais,todos somos meros humanos, do mendigo ao presidente. Quando criança a imaturidade não a deixava ser como ele. Quando cresceu e conheceu o mundo, tudo que queria era ter aquela alma boa. E conseguiu. Por mais que Samantha ainda achasse que nunca fez bem o suficiente. E então se embolou na vida e se perdeu em um caminho sinuoso. Deixou tudo para trás. Até se achar num beco sem saída e querer voltar.
Da escuridão gelada, uma mão a puxou, e quando nesta mão segurou a dela, ela viu tudo o que deixou escapar. Viu aonde se perdeu e achou o caminho de volta. Viu que aconteceu com ela o que já havia acontecido com pessoas próximas.
A Deus, Samantha pediu força. Pediu para ele levá-la de volta de onde nunca deveria ter saído. Viu como as coisas eram belas antes de se perder. Mas guardou do caminho da sinuoso. Por incrível que pareça, lembranças boas . de tudo que foi bom enquanto durou.
Talvez ela precisasse de tudo aquilo. Para ver que era forte suficiente para voltar, pra não deixar se enganar, para não mudar a essência que tinha dentro do coração dela. E essa essência nunca mudou. Amadureceu. Sua essência entornou como uma gota de água , quando tudo aquilo foi mais do que sua alma podia aquentar. Ela queria paz.
Agora ela conseguiu, pois percebeu seu erro: Fingir que não se importava com o que falavam dela, quando na verdade se importava, e muito. Ela ligava para opiniões de inúmeras pessoas que julgavam dezenas errado, e ela sabia disso. Pessoas que pensavam ser donas do mundo. Pobre elas, que vivem em seu mundinho tão pequeno perto da imensidão de pessoas desse planeta. Samantha estourou a bolha que a prendia, e por mais que quisesse estourar a de outras pessoas , ela não podia. Pessoas que tinha a essência boa mas que ainda estavam nos mesmos caminhos sinuosos de uma imaturidade vitalícia e uma bolha bem fechada. Que tinha que estourar por elas mesmas.
Deixou para lá o fato de não conseguir mudar o mundo. Agora realmente ela não se importava com o que falavam. E ela sabe muito bem o que falam e quem fala. Sabe que falam pior do que imagina. Mas ela não se importa mais. As vezes ainda bate um incomodo La no fundo por ter gente bisbilhotando aonde não devia, gente falando sem saber, julgando sem conhecer. Mas ela conviveu tempo bastante com esses próprios que condenavam ela mesma, que ela sabia que eles não queriam saber se a historia era verdadeira , não queriam saber o motivo das atitudes dos outros. Não , eles só queriam uma boa historia para se entreter e alguém para condenar, e assim sentirem melhor com eles mesmos.
Que se entretenham então, com as historias dela. A pessoa que Samantha sempre foi por dentro, ou pelo menos sempre quis ser, foi liberada aos pouquinhos sem ela perceber, e ainda está sendo, sem pressa, sem agonia. Ela agora só obedece a sua consciência e de mais ninguém, se importa apenas com o pensamento dos pais,e das pessoas que já mostraram a ela que estão ali para o que der e vier, as poucas que ela confia e ama.
Que pense os outros que suas atitudes são feias,que esta gorda, que os namorados que ela arruma a medida que a vida passa são esquisitos,que criem apelidos pejorativos que são falados longe de sua presença, que falem que a musica que ela tanto gosta , é de gente revoltada,de gente antiquada, de velho. Que alguns amigos que ela tem não prestam: são estranhos,vagabundos,chorões,dramáticos,galinhas,viciados,pobres e estranhos. Todos que nem ela.
Samantha aplaude então a todos os defeitos verdadeiros que aceita nas pessoas como são, que outras pessoas aceitam como ela é. E um sentimento nada mais que ignorância aos que falam o que querem, aos que julgam , aos que inventam defeitos e mais defeitos.
Samantha então , depois de pensar tudo isso narrado aqui em cima, deitou-se sentindo-se incrivelmente bem com ela mesma, tão leve, tão limpa de consciência, fechou os olhos e agradeceu a força maior que toma conta de todas as coisas, por fazê-la entender. E dormiu.

Cristiana Drumond. 

domingo, 22 de janeiro de 2012

Filosofa de botequim.



— Não gosto do tempo assim , ameno, sabe ? — Ela disse, olhando para o céu azul que raiava lá fora através das janelas do restaurante.O sol brilhava, mas ventava bastante retirando o calor do ambiente.  
— Eu gosto. É o melhor tempo que tem, a gente não senti frio, tampouco calor. — Ele respondeu com um sorriso.
— É por isso mesmo que não gosto. Não gosto de nada mais ou menos.
— Como ?
— Mais ou menos. O tempo ta mais ou menos. Eu gosto de frio que faz a gente tremer e se agasalhar com várias blusas de frio grossas, da chuva forte, da neve caindo, de esquentar o corpo com um café bem quente. Gosto também do calor. Do calor escaldante, que faz suar, aquele calor que você procura uma praia , uma piscina ,uma ducha gelada para refrescar, o que tiver ao alcance. Entendeu ?
— Acho que sim.
—Sim, ou acho que sim ?
— Sim. Sim.
— Que bom. Porque acho que sim é outro mais ou menos. É uma incerteza, sabe ?
— Ah , é ?
— Aham. Veja bem, você não tem certeza que sim, você apenas acha. Pra mim só devia existir o sim ou não. Acho é só achismo. Entende ?
— Acho é só achismo. — Ele repetiu. — Tipo, sem certeza, né ?
— Achismo é só uma especulação. Não quer dizer que seja verdade.
— Entendi.
Ela sorriu.
— Acho que essa foi a conversa mais estranha sobre o tempo que eu já tive. Pelo menos a conversa fluiu bem , fugiu dos clichês de falta de assunto. — Ele sorriu.
— A conversa nem sempre flui muito comigo.
— Não acredito, você é tão bonita.
— Bonita e fechada. Beleza não Poe mesa, já ouviu ?
— Eu chamaria de misteriosa. E beleza ajuda a por a mesa — Ele disse com um sorriso malicioso, arrancando uma gargalhada dela.
— isso de a beleza ajudar a por a mesa que você disse, não faz sentido nenhum.
— Sem ofensas, mas você não faz sentido nenhum,minha querida.
— Só porque eu não gosto de mais ou menos ?
— Basicamente.
—  Então nem te conto o resto sobre mim, se não você vai fugir.
— Eu não me assusto tão facilmente, ainda mais com mulheres. Mulheres não me assustam. Só algumas.
— Tenho medo de entrar para a lista.
— Não tenha, as da lista são as mais interessantes.
— Você não perde uma!
— Eu ainda estou curioso com o negocio do mais ou menos. Você não gosta de nada, absolutamente nada mais ou menos ?
— Não .
— Então você prefere ficar muito triste á ficar mais ou menos triste ?
— Existe mais ou menos triste ?
— Claro que existe. Veja bem : você esta triste por causa de uma coisa, mas feliz por outra.
— Então a coisa pela qual você esta triste não te deixa realmente triste. Só parece tristeza. Mas pode ser só decepção ou cansaço ou qualquer outra coisa disfarçado de tristeza. Acredite em mim , tristeza te deixa realmente triste. Te faz chorar, ate te oculta a felicidade. Não existe isso de mais ou menos triste.
Ele a olhava com uma expressão confusa.
— Ual, nessa você me pegou. Mas ainda não estou totalmente convencido. Me diga, o morno, é mais ou menos ?
— É.
— Então você prefere um banho gelado ou fervendo á um banho morno ?
— E essa foi a sua vez de me pegar. Você ta certo, dessa vez.
— Me sinto incrível.
— isso é sarcasmo ?
— Não. Você não gosta de sarcasmo ?
— Na verdade eu gosto. É humor inteligente. Irrita as vezes, mas eu gosto.
Um momento de silencio se sucedeu.
— Quer voltar pro mais ou menos ?
— oi ?
— O assunto , o mais ou menos.
— Tá bom.
—Então me conta mais de mais ou menos que você não gosta.
— Deixa eu resumir pra você : Gosto do intenso. Do anormal, do encantador. Não quero metades. Aturo coleguismo por puro social. Gosto de quem gosta de mim, não gosto de quem não gosta de mim, ou seja não quero fingimentos. Quando choro, choro de mais , quando rio , rio demais. Quando bebo provavelmente fico totalmente bêbada, por isso na maioria das vezes não bebo. Ou chuto o balde completamente ou fico quieta. Tenho felicidade tão grande que chega a irritar as pessoas, tenho melancolias tão grandes que beiram a depressão. Crises nervosas com ânsia de vomito estão inclusas no pacote.Brigo de gritar, mesmo sabendo que quem grita só quer se impor e perde a razão.  Nada mais ou menos. Só o banho de morno. Morno é chato, é comum. Não quero ser uma pessoa comum.
— Você definitivamente não é comum.
— Me abrindo com um estranho, você deve me achar louca.
— Não sou um estranho.
— Não, imagina , é só o cara que eu acabei de conhecer batendo acidentalmente no meu caro e que estranhamente me ofereceu um almoço. E já que nos já decidimos que cada uma paga o concerto do seu carro,começamos a falar do tempo e aqui estamos. Então , não você não é um estranho, e eu não sou uma louca.
— Quando você chuta o balde completamente você deve ficar. — Ele riu. — Queria ver isso um dia.  E ai está seu humor inteligente, mais conhecido como sarcasmo.
Ela riu.
— Não te acho louca não. Muito menos comum. — Ele se inclinou um pouco mais na mesa em direção a ela — Deixa eu adivinhar outra das suas atitudes intensas : Nunca se abre, ou se abre de mais.
— Na mosca.                                                                               
Ele olhou para o relógio.
— Meu horário de almoço acabou, tenho que voltar ao trabalho.
Ele pediu ao garçom uma caneta, pegou um guardanapo e escreveu um numero com oito dígitos.
— Eu gostei tanto do seu, digamos, estilo de vida, que eu vou deixar meu  numero aqui com você, pra você me ligar, pra me ensinar a viver assim , que nem você , quem sabe.
— É, eu te ligo. A maioria dos homens fugiria de mim depois de uma abertura problemática que nem essa.
— Não achei problemática. E a maioria das mulheres ficariam inseguras de me ligar, mas já que você não é comum ...
— Deixa comigo, eu ligo. Já que você não fugiu até agora, deixa eu dizer mais uma coisa, prova de fogo.
— Diga , estou pronto.
— Pra mim não existem romances mais ou menos, ou é intenso, ou pule fora. Ou eu pulo fora. Não gosto muito de paixões , prefiro amor.
— É, eu já imaginava. Acho que eu estou entrando em território desconhecido, mas vou tentar.
— Você me surpreende.
— Deve ser difícil ser surpreendido, quando geralmente é você quem surpreende. Acho que eu tenho um termo que define você e que não usa a palavra louca ou intensa.
— E qual é ?
— Encantadora filosofa de botequim.
— Não sei se gosto.
— Não cabe a você gostar ou não. — Ele disse , já de costas , seguindo para o trabalho.
O resto da historia, você já pode adivinhar. 

Cristiana Drumond.