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quarta-feira, 11 de maio de 2011

Amor sujo , paixão superficial.


Você diz que me ama, mas ambos sabemos que é mentira. Você não me conhece realmente para dizer isso. Você, eu percebo, não conhece bem nem a você mesmo.

- Isso tudo é carência? – pergunto eu.
Você me responde que não. Você não entende o porquê da minha pergunta. Estamos juntos, a o que, uns dois meses? Menos? 
- Isso. - Você me responde.                   
Fico calada. Penso. Não quero mais, não quero estar com alguém que não sabe o que amar que o diz da boca pra fora. Sou eu a insensível? Sou eu, apenas, a pessoa que quer ser amada de verdade. Você me enche de elogios, de palavras superficiais, me chama de Linda.
Onde está a parte do nosso relacionamento que você vê minha essência e eu vejo a sua? A parte em que eu fico totalmente desprovida de vergonha de chorar, de gritar, de cantar desafinadamente e de dançar, e atuar na frente do espelho; de me descabelar, de brincar, de ser boba, estranha, descuidada e folgada.
Porque eu não consigo deixar você ver o meu eu verdadeiro. E, pior ainda, porque não tenho vontade de ver o seu?
É uma paixão forte essa nossa, de pele, de suor, de beijos e calor. Mas onde está o amor? 
Onde Está o amor, onde está o amor; esta pergunta se repete e martela e incomodam minha consciência todas as noites. Não quero ficar sozinha, mas eu amo a solidão. Não quero ficar sozinha mais não me contento mais apenas com uma paixão.  Chega de ser amadurecida com namoros que foram bons mais acabaram. Quero ter minha inocência de volta, quero desamadurecer. Será que isso existe? Queria eu poder saber, e mais ainda, viver. Viver para traz, viver tudo de novo, Ter arrancada todas as minhas experiências e a maturidade e voltar a ser aquela criança inocente que acha garotos nojentos.
E pra que isso? Pra desfazer meus erros? Não.
Pra fazer tudo de novo, igualzinho ao que já foi feito. Fazer de novo sim, porque a nostalgia, o lembrar, da saudade, e saudade dói. E muito. Dói mais ainda quando você percebe o quão era feliz e nem percebia. 
Como isso é um fato impossível, queria poder acelerar minha vida e colocar no ultimo capitulo desse DVD e ver se eu encontrei o amor. O amor, não a paixão. O amor que traz maior intimidade do que a amizade. O amor que traz mais intimidade daquela que você tem com o papai e a mamãe. Aquela intimidade escrota, aberta, livre. E que faz você amar cada defeito escroto da pessoa amada, porque tudo é um pacote, e esse pacote é lindo.
A é, isso também é impossível: acelerar o DVD da sua vida. Então eu vou vivendo, fazer o que, esperando e rezando para fazer as escolhas certas, e que esse meu destino incerto, me reserve um amor. E que o meu bom Deus, me ilumine com a dádiva de ser uma das poucas pessoas a reconhecer o amor quando eu encontrá-lo, para ele não me escapar e escorrer dos nós dos meus dedos, sem eu sequer perceber.

Cristiana Drumond.  

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